Táxi achado na casa de Eduardo Cunha tem 36 multas, nenhuma na cidade onde deveria circular
Um
dos carros encontrados por agentes da Polícia Federal (PF) na casa do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PDMB-RJ), na Barra da Tijuca, Zona
Oeste do Rio, nesta terça-feira, está registrado em nome de Altair Alves
Pinto. Ele é apontado por Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano,
como o responsável por receber dele propina e entregar ao parlamentar.
Em nota, a assessoria de Cunha admitiu que ele usa o carro:
"Eventualmente o Presidente aluga o veículo para prestar serviços
gerais", diz a nota.
O veículo — um táxi — é um Touareg
branco, modelo 2013-2014, com placa LSM 1530, de Nilópolis. Um veículo
do mesmo modelo, zero quilômetro, está na faixa e R$ 248 mil.
Levantamento feito pelo EXTRA nos sites do Detran e da Secretaria
municipal de Transportes do Rio mostra que o carro possui 32 multas,
nenhuma delas em Nilópolis. A maioria (30) foi na capital fluminense,
principalmente na Barra da Tijuca, onde mora Cunha, em Copacabana e no
Centro, onde fica o escritório do presidente da Câmara.
Há duas
infrações também em duas cidades vizinhas. Em Itaboraí - onde fica
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, cuja obra da Petrobras está
paralisada, e onde Cunha teve o maior número de votos no estado, ele
recebeu uma multa por excesso de velocidade, em 11 de abril. Em - cuja a
casa do prefeito, Nelson Burnier (PMDB-RJ), aliado do presidente da
Câmara, também foi alvo da operação da PF - ele recebeu a mesma
penalidade, em 30 de setembro.
Somadas, as 32 infrações totalizam
138 pontos e um montante de R$ 3.053,98 - pelo menos R$ 1.404,57,
referentes a 18 dessas multas, não pago.
No
site da Polícia Rodoviária Federal (PRF), constam ainda quatro
infrações na consulta pela placa e pelo Renavam do veículo de Altair,
aplicadas entre setembro do ano passado e janeiro deste ano. Todas foram
cometidas na BR-116, na altura de Comendador Soares, em Nova Iguaçu, na
Baixada Fluminense, e por “velocidade superior à máxima permitida em
até 20%“.
Em depoimento à Polícia Federal, Baiano disse que
Altair recebeu uma remessa, entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão, em
outubro de 2011. O montante fazia parte da propina de US$ 5 milhões que
teria Cunha como destinatário, segundo Baiano. “Que Altair aparentava
ser um assessor ou uma pessoa de confiança (de Cunha), até mesmo porque
todos os valores entregues no escritório (do presidente da Câmara) foram
para Altair”, disse Baiano no acordo de delação premiada.
Na
ocasião do depoimento de Baiano, Altair ocupava um cargo na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj). Ele era assessor especial para assuntos
parlamentares, lotado no gabinete do deputado Fábio Silva (PMDB), aliado
de Cunha, com salário líquido mensal de R$ 7,6 mil. Altair não exerce
mais a função. Ele também foi funcionário de Cunha na Alerj, no início
dos anos 2000.
O veículo coleciona várias multas. A mais recente,
de agosto, foi por transitar em faixa exclusiva para ônibus, em
Copacabana. Há ainda infrações por excesso de velocidade. Em nota, Cunha
informou que “eventualmente, aluga o veículo para prestar serviços
gerais”. Procurado por telefone, Altair não foi encontrado em casa. Uma
pessoa que se identificou como faxineiro afirmou que ele havia saído de
manhã e ainda não tinha voltado.
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