Pezão diz que Temer vai perceber que existem aliados fazendo ‘intriga’
RIO
— O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta
terça-feira que não teme uma ruptura entre a presidente Dilma Rousseff e
o vice-presidente Michel Temer. Em uma carta enviada a Dilma, a qual O
GLOBO teve acesso, Temer afirmou que a presidente não confiava nele e
nem no PMDB. Segundo Pezão, há aliados do vice contribuindo para a
“intriga”.
— Não acredito em uma ruptura. Eu acho que o
vice-presidente é uma das pessoas com mais bom senso no país. Vice é
para ajudar a governar. O PMDB tem que estar unido. Uma certa hora, ele
(Temer) vai ver que muitos estão no ouvido dele soprando para divisão,
para intriga, que é um desserviço ao país. Tudo tem tempo para
conversar, para discutir — disse Pezão, após sair de um seminário sobre
mediação de conflitos judiciais.
Questionado se permanecia com a ideia de que o vice não era ouvido, Pezão disse que essa é uma opção de cada governo:
—
Acho que essa é uma opção de quem está governando. Se ela (Dilma) não
quer utilizá-lo (Temer), ou não quis, (por outro lado), ele sempre
esteve ao lado nos primeiros momentos de dificuldade, e ela sempre o
ouviu.
Pezão voltou a criticar o processo de impeachment contra a
presidente, deflagrado semana passada pelo presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). Para ele, o processo é um “desserviço”:
—
Ficamos um ano discutindo uma pauta-bomba (na Câmara), ao invés de
estarmos discutindo uma reforma da Previdência, uma reforma tributária,
criando um bom ambiente de negócio, vendo a crise dos estados. Então, o
país entrar em um debate desse (impeachment) agora é um desserviço. Isso
não vai levar a nada.
PMDB DIVIDIDO
O
governador destacou que o PMDB já estava dividido antes do atual cenário
político, mas que é preciso analisar o melhor para o país. A ala do
partido no Rio está ao lado da presidente, enquanto outros setores
caminham para a defesa do impeachment.
— O PMDB já estava
dividido. O PMDB tem 40, 45 deputados que estão com o governo, tem 20
que trabalharam contra a candidatura (de Dilma) e querem ver a divisão.
Então é sempre essa a dificuldade, a gente tem que ter discernimento de
saber separar o que é importante para o país.
O governador também voltou a defender o afastamento de Cunha da Câmara para que o chefe da Casa apresente sua defesa:
—
Sou favorável a ele se afastar da presidência para se defender, acho
que fica melhor. Ele não pode usar o cargo dele pra ficar adiando as
votações. Mais fácil ele se defender fora da presidência. Ele tem que
pensar no país.
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