'Impeachment não é golpe desde que se respeite a Constituição', diz Cármen Lúcia
por Estadão Conteúdo | Matheus Maderal
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Em entrevista concedida ao jornalista Roberto D'Ávila, a
vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia,
comentou os desdobramentos da Operação Lava Jato e avaliou que as leis
estão sendo respeitadas. Ao ser questionada sobre a legalidade do
processo de impeachment, a ministra disse que a ação em si não é golpe,
desde que se respeite a Constituição. "Golpe é a ruptura de um processo
democrático de aplicação da Constituição", afirmou Cármen Lúcia na
entrevista transmitida na noite desta quarta-feira pela GloboNews. A
ministra ponderou que, caso haja algum desacordo com os procedimentos
judiciais na Lava Jato ou no STF, "nada impede que se continue a haver
recursos". Carmén Lúcia disse ainda que "não se pode fazer nada contra
as leis", em uma referência ao argumento dos governistas de que o juiz
Sérgio Moro teria atropelado a legislação ao divulgar o conteúdo dos
grampos de uma conversa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
a presidente Dilma Rousseff. A conversa "não pode ser gravada ou ter
seus autos divulgados sem que o órgão competente autorize, no caso o
STF", afirmou. De acordo com Cármen Lúcia, não há um caminho definido
para os próximos episódios da crise política "porque o que temos
efetivamente é um processo crítico cujos resultados não são claros
ainda", avaliou. A ministra negou que o STF esteja acovardado e defendeu
as instituições. "Não existe democracia sem liberdade de expressão e
sem uma imprensa livre. Mas exageros haverão de ser contidos."
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