PSB diz que pedirá cancelamento do termo de posse de Lula
por Julia Lindner | Estadão Conteúdo
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
O deputado Julio Delgado (PSB-MG) anunciou que a bancada do partido
na Câmara dos Deputados vai pedir nesta quinta-feira (17) o cancelamento
do termo de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como
ministro-chefe da Casa Civil. A cerimônia de nomeação, que aconteceria
na semana que vem, foi adiantada para esta quinta-feira (17) às 10h. A
justificativa do PSB seria o grampo telefônico divulgado nesta quarta
(16) com uma conversa entre Lula e a presidente Dilma Rousseff. Os
deputados acreditam que houve "desvio de finalidade". A nota do PSB
afirma que os membros da bancada do partido foram tomados por "revolta e
indignação" após a notícia de que Lula havia aceitado o cargo de
ministro-chefe da Casa Civil. O deputado disse que os áudios de Lula
indicam "gestos toscos" e que "está claro" que o objetivo do
ex-presidente era tentar obstruir as investigações. Delgado disse que
ele e seus colegas de bancada são solidários ao juiz Sergio Moro,
responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. "Se o Moro
precisar, estamos aqui", afirmou. Delgado contou também que a ação da
bancada do partido foi motivada principalmente pela manifestação em
frente ao Palácio do Planalto na tarde desta quarta, com cerca de cinco
mil pessoas, onde diversos manifestantes pediram "que os deputados
tomassem uma atitude". "Não cabe a nós julgar a legalidade da divulgação
desses áudios, e sim o teor", informou o deputado, que disse não
acreditar que a atitude de impedimento é precipitada. O objetivo dos
deputados é entregar uma Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental, com fundamento no artigo 102 da Constituição, amanhã, às
8h, no STF. No grampo telefônico divulgado nesta quarta, Dilma informa
Lula que um assessor vai lhe entregar o termo de posse para que ele
utilize, "se necessário". Na interpretação dos deputados do PSB, a
presidente e Lula teriam agido para tentar evitar que o ex-presidente
fosse preso pela Polícia Federal - como ministro, Lula só pode ser
investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Lula, estou mandando o
Bessias com o papel que (você) só usa em caso de necessidade, que é o
termo de posse", diz Dilma em conversa grampeada e liberada pelo juiz
Sergio Moro. O Palácio do Planalto no entanto alegou, nesta noite, que o
objetivo foi colher a assinatura de Lula no documento para o caso de
ele não poder comparecer à cerimônia.
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