Lista e possível delação da Odebrecht preocupam políticos
BRASÍLIA — A lista com supostos repasses do Grupo Odebrecht para
políticos de 24 partidos se tornou o centro de conversas de bastidor dos
parlamentares que ainda estavam ontem em Brasília. A apreensão no
Congresso com a possibilidade de divulgação de nomes de políticos
beneficiados com recursos da Odebrecht permeou as conversas, e a
divulgação de que a empreiteira faria uma “colaboração definitiva”
preocupava os deputados.
— Ali vai ter problema para todo mundo.
Mas quem fez que pague — disse um líder da oposição, que pediu para não
ser identificado.
No PT, os rumores de que a lista poderia trazer nomes da oposição gerou uma expectativa diferente.
—
O PT já está tomando tanta pancada e sem critério que, uma a mais ou a
menos, é só mais uma. Mas como há essa proteção à oposição, há de se
louvar se surgirem nomes daqueles que nos atacam desenfreadamente —
disse um parlamentar petista, que também pediu anonimato.
Depois
de conhecida a lista e também a decisão do juiz Sérgio Moro em torná-la
sigilosa, além do anúncio do Ministério Público de que a delação da
Odebrecht não foi homologada, o líder do PT, Afonso Florence (BA),
comentou:
— Quem acata delação, tem que investigar. E quem não
acata, tem que tornar público porque não acatou. Nos dois casos isso é
importante para que a ação não vire objeto de disputa política.
Alguns
citados afirmaram que receberam os valores de forma legal, com
declaração em suas prestações de contas ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu
ter pedido a representantes da Odebrecht doações de campanha para o
PMDB, citando o nome de Henrique Eduardo Alves, atual ministro do
Turismo, como um dos beneficiários. Mas que não recebeu doação direta da
empresa em sua campanha:
— Não existe doação de caixa 2. Nem para mim, nem para o PMDB. Só de caixa 1.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse desconhecer a
citação de seu nome em planilhas e afirmou que não cometeu ilegalidade.
—
Nunca cometi impropriedade. Essas citações, do ponto de vista da prova,
não significam absolutamente nada. Sempre tomei iniciativa para pedir
qualquer investigação que cobram — disse Renan.
O presidente do
PSDB, Aécio Neves (MG), que aparece em uma das planilhas, disse que os
dados referem-se a doações contabilizadas em sua prestação de contas ao
TSE:
— É exatamente o número da conta onde esses valores foram
depositados. Não precisava nem dessa divulgação. É preciso que haja
muita serenidade para diferenciar o joio do trigo.
O líder do
governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que não recebeu doações
da Odebrecht em 2012, quando foi candidato a prefeito de Recife. Sobre a
inclusão de seu nome em uma das planilhas, avaliou que a doação pode
ter sido feita ao diretório nacional do PT, que repassou cerca de R$ 1,7
milhão para sua campanha ao Senado em 2012, conforme registrado na
pretação de contas.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB),
afirmou por meio de nota que todas as doações às suas campanhas
eleitorais, feitas diretamente ou via diretórios do partido, ocorreram
de forma legal e foram declaradas à Justiça Eleitoral.
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