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Lista e possível delação da Odebrecht preocupam políticos

Isabel Braga, Maria Lima e Cristiane Jungblut - O Globo

BRASÍLIA — A lista com supostos repasses do Grupo Odebrecht para políticos de 24 partidos se tornou o centro de conversas de bastidor dos parlamentares que ainda estavam ontem em Brasília. A apreensão no Congresso com a possibilidade de divulgação de nomes de políticos beneficiados com recursos da Odebrecht permeou as conversas, e a divulgação de que a empreiteira faria uma “colaboração definitiva” preocupava os deputados.
— Ali vai ter problema para todo mundo. Mas quem fez que pague — disse um líder da oposição, que pediu para não ser identificado.
No PT, os rumores de que a lista poderia trazer nomes da oposição gerou uma expectativa diferente.
— O PT já está tomando tanta pancada e sem critério que, uma a mais ou a menos, é só mais uma. Mas como há essa proteção à oposição, há de se louvar se surgirem nomes daqueles que nos atacam desenfreadamente — disse um parlamentar petista, que também pediu anonimato.
Depois de conhecida a lista e também a decisão do juiz Sérgio Moro em torná-la sigilosa, além do anúncio do Ministério Público de que a delação da Odebrecht não foi homologada, o líder do PT, Afonso Florence (BA), comentou:
— Quem acata delação, tem que investigar. E quem não acata, tem que tornar público porque não acatou. Nos dois casos isso é importante para que a ação não vire objeto de disputa política.
Alguns citados afirmaram que receberam os valores de forma legal, com declaração em suas prestações de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu ter pedido a representantes da Odebrecht doações de campanha para o PMDB, citando o nome de Henrique Eduardo Alves, atual ministro do Turismo, como um dos beneficiários. Mas que não recebeu doação direta da empresa em sua campanha:
— Não existe doação de caixa 2. Nem para mim, nem para o PMDB. Só de caixa 1.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse desconhecer a citação de seu nome em planilhas e afirmou que não cometeu ilegalidade.
— Nunca cometi impropriedade. Essas citações, do ponto de vista da prova, não significam absolutamente nada. Sempre tomei iniciativa para pedir qualquer investigação que cobram — disse Renan.
O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que aparece em uma das planilhas, disse que os dados referem-se a doações contabilizadas em sua prestação de contas ao TSE:
— É exatamente o número da conta onde esses valores foram depositados. Não precisava nem dessa divulgação. É preciso que haja muita serenidade para diferenciar o joio do trigo.
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que não recebeu doações da Odebrecht em 2012, quando foi candidato a prefeito de Recife. Sobre a inclusão de seu nome em uma das planilhas, avaliou que a doação pode ter sido feita ao diretório nacional do PT, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para sua campanha ao Senado em 2012, conforme registrado na pretação de contas.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou por meio de nota que todas as doações às suas campanhas eleitorais, feitas diretamente ou via diretórios do partido, ocorreram de forma legal e foram declaradas à Justiça Eleitoral.

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