Renúncia de Dilma daria maior chance para reformas, avalia consultoria britânica
por Álvaro Campos | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução/ Zdk News
Uma eventual renúncia da presidente Dilma Rousseff ofereceria a
melhor oportunidade para que o Brasil conseguisse aprovar reformas
estruturais essenciais para recuperar a economia, segundo análise da
consultoria britânica Oxford Economcis. "Esse seria o passo menos
traumático para a economia brasileira", diz relatório assinado pelo
diretor de pesquisa para a América Latina, Marcos Casarin. A consultoria
afirma que a presidente tem um índice de aprovação popular muito baixo e
está se tornando cada vez mais isolada, ao perder o apoio de partidos
da base aliada. Isso sem contar o processo de impeachment decorrente das
chamadas "pedaladas fiscais", que seriam um desrespeito à Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF). "Neste cenário, nós acreditamos que a
presidente deveria renunciar - em vez de manter sua estratégia de
distribuir cargos no governo para membros da coalizão (o que enfraquece
sua liderança ainda mais) em troca de votos contra seu impeachment no
Congresso", afirma o texto. A Oxford comenta que Dilma já não comanda
mais o País, pois não tem nem mesmo o apoio do PT, em especial na área
econômica, ou do PMDB, que está dividido sobre o suporte ao governo.
"Assim, mais três anos de impasse impediriam qualquer chance de uma
retomada da agenda de reformas antes de 2019". A consultoria diz que a
renúncia é melhor do que o impeachment porque este processo no Congresso
pode levar meses, impedindo a discussão sobre temas econômicos
essenciais. O analista acredita que um eventual governo Michel Temer
teria mais chance de aprovar reformas, especialmente tendo em conta as
medidas contidas no programa do PMDB intitulado "Uma ponte para o
futuro". "O PMDB não é um partido baseado em ideologia e
tradicionalmente não aponta candidato próprio para a presidência. Assim,
não necessariamente governaria olhando as próximas eleições e poderia,
pelo menos em teoria, dirigir o País de maneira mais pragmática",
destaca o relatório, afirmando que este cenário seria similar ao que
aconteceu com Itamar Franco - que assumiu a presidência após o
impeachment de Fernando Collor. Mesmo assim, a Oxford Economics lembra
que a mudança de governo não seria uma panaceia e provavelmente não
seria suficiente para impulsionar a recuperação da economia e dos preços
dos ativos domésticos. Assim, logo que o novo governo assumisse seria
preciso focar na agenda de reformas. "Quanto mais tempo o Brasil levar
para reformar a Previdência, as leis trabalhistas e o sistema
tributário, mais tempo a economia permanecerá presa no atual 'equilíbrio
ruim' de queda da produção e maior prêmio de risco".
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