Miguel Reale acusa o governo de 'falsidade ideológica'
por Daiene Cardoso | Estadão Conteúdo
Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Em 20 minutos de exposição na comissão especial do impeachment, o
jurista Miguel Reale - um dos autores do pedido de afastamento da
presidente Dilma Rousseff - disse que as pedaladas fiscais não eram um
mero problema contábil e acusou o governo de "falsidade ideológica" por
não fazer o devido registro da dívida. O jurista lembrou que as
pedaladas começaram em 2014 e se estenderam para 2015. Reale afirmou que
o equilíbrio fiscal é um bem público e jurídico e que ele foi quebrado
com as pedaladas. Em suas palavras, as pedaladas constituem crime grave,
um "expediente malicioso onde foi escondido o déficit fiscal" e uma
afronta a Lei de Responsabilidade Fiscal. Para ele, a dívida da União
foi "empurrada com a barriga" e o superávit primário foi "falseado". "De
repente se percebeu que o Estado estava falido e a consequência foi a
emissão de títulos, o aumento dos juros", declarou. O jurista disse que o
País perdeu a credibilidade e a esperança foi "sequestrada". "Isso não é
crime?", questionou. "Crime não é apenas colocar a mão no bolso do
outro. Crime aqui é eliminar as condições do País de ter
desenvolvimento, cuja base é a responsabilidade fiscal",
completou. Reale encerrou seu discurso sob aplausos dos oposicionistas.
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