O malandro da Câmara
Foto: Agência Brasil
Retaliada pela figura menor do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, que espera tão-somente a guilhotina para degolar o seu mandato
enlameado pela suposta corrupção que já responde em processos, a
presidente Dilma Rousseff, com quem não comungo, deu a resposta que ele
mereceu ao dizer que “todo mundo sabe que eu não sou ladra, todo mundo
sabe que não tenho dinheiro no exterior”. O pedido de impeachment
anunciado pelo presidente da Câmara só foi noticiado ao anoitecer desta
quarta-feira (2), gerando, consequentemente, justas apreensões. Sem
saída, na expectativa da sua cassação, Cunha utilizou o que lhe cabia
para dar o troco, quando antes procurara o apoio do Planalto. A decisão
para votar contra ele viera do PT, autorizada pelo presidente Rui
Falcão, e provavelmente com a aquiescência de Lula, de quem não se teve
notícias. A ordem de comando para os três petistas integrantes do
Conselho de Ética votarem contra Eduardo Cunha não foi cumprida porque a
sessão foi interrompida. Tanto a possibilidade de impeachment, ainda
incerta, como a da cassação do mandato dificilmente sairão neste período
em que o legislativo entrará em recesso. Será uma parada dura para a
presidente Rousseff, cuja impopularidade é total. Ela agora passa a
lutar pelo seu mandato. O presidente da Câmara esperou o tempo
necessário para saber como o PT votaria no Conselho e ao tomar
conhecimento deu um troco baixo que nenhum político de elite o faria. Os
dois fatos estavam escritos: tanto os impeachments como a cassação e
suas consequências recairão sobre a crise que aumenta a cada dia, seja
em relação à política como em relação à economia.
Nenhum comentário