Lula não está 'imune à investigação', diz Moro
Em despacho, juiz afirmou que o ex-presidente Lula não está "imune à investigação" ao decretar a condução coercitiva
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os
processos da Operação Lava Jato, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não está "imune à investigação" ao decretar a condução
coercitiva do petista.
"Embora o ex-Presidente mereça todo o
respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do
respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à
investigação, já que presentes justificativas para tanto", escreveu
Moro, no despacho que deflagrou nesta sexta-feira, 4, a Operação
Aletheia.
O ponto mais alto da Lava Jato até aqui, a força-tarefa
do Ministério Público Federal afirmou que investigação "sobre o
ex-presidente não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o
significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de
investigação sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita".
"Dentro
de uma República, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar
sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de
atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de
depoimentos e ampla prova documental", informa a Procuradoria.
Os
mandados da Operação Aletheia estão sendo cumpridos em endereços do
ex-presidente Lula, do seu filho, Fabio Luís Lula da Silva, do Instituto
Lula, e em outros locais ligados a eles.
A operação foi deflagrada com base em investigações
sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo
petista, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a
relação desses episódios com empreiteiras investigadas na Lava Jato,
além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.
São
investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros
praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminoso
revelado pela Lava Jato que envolve pagamento de propina por grandes
empreiteiras em troca de obras na Petrobras a partidos políticos.
A
investigação que atinge em cheio o principal nome do PT ocorre um dia
depois de vir à tona a delação do ex-líder do governo no Senado,
Delcídio Amaral (PT-MS) na qual o parlamentar afirma que a presidente
Dilma Rousseff teria atuado para interferir nas investigações no
Judiciário e de que Lula teria pedido para ele procurar o filho de
Nestor Cerveró para evitar que o ex-diretor da estatal não implicasse
José Carlos Bumlai.
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