Aos 55 anos, Tássia Camargo não quer voltar à TV e diz se orgulhar das rugas: ‘É poético’
Tássia
Camargo acha graça quando é abordada na rua e perguntam por que ela não
trabalha mais. Na realidade, a atriz de 55 anos (mas ela gosta de dizer
que já está vivendo os 56) está há quase dez longe da TV, num exílio
voluntário. “Eu não quis mais. Minha vida está estabilizada, posso fazer
o que eu quero e nunca deixei de atuar”, justifica ela, que foi um
símbolo sexual nos anos 80.
Dessa época, aliás, Tássia guarda as
três “Playboys” das quais foi capa e bons amigos como Ney Latorraca, a
quem reencontrou profissionalmente. Os dois, mais o ator Edi Botelho,
montaram a peça “As cadeiras”, de Eugène Ionesco. O texto fala de
solidão e passagem do tempo. “Envelhecer é poético. Não trocaria minhas
rugas por um rostinho sem marcas. As fotos de divulgação da peça não têm
retoque”, garante ela: “Não tenho nada contra quem peça um Photoshop ou
faça plástica. Cada um tem que ser feliz do jeito que é. Se me der a
louca um dia, vou e faço”.
Solteira
há alguns anos, Tássia não vê a possibilidade de se amarrar agora.
Namorado não é um plano. “Gosto do meu dia a dia. da minha companhia.
Não tenho muita paciência, sabe? A gente chega a uma certa idade e quer
qualidade, troca. Eu sempre gostei de homens mais velhos”, enumera ela,
que não entraria para a tribo de mulheres que se relacionam como homens
muito mais novos: “Nem pensar! Me sentiria com um filho”.
Tássia,
inclusive, tem uma relação tão orgânica com a solidão que é meio nômade.
“Minha cobertura no Leblon ficou grande demais. Mudei para um sítio em
Itatiaia, no interior do Rio, onde planto, faço tudo. Agora com a peça,
aluguei um flat em Camboinhas,na Região Oceânica de Niterói”, conta.
Mãe
de dois filhos — Tássia teve ainda Maria Julia, que morreu há 20 anos,
aos 2 de idade —, é na condição de avó e tia-avó que ela se realiza. E
se liberta ainda mais. “Sou daquelas babonas, levo para passear, me
divirto quando estão todos juntos. Sinto a maior falta”, derrama-se:
“Outro dia me deram uma caneca com uma declaração de amor”.
Da
filha, hoje Tássia fala com um pouco menos de dor. “Tem dias que fico
muito triste. Noutros, lembro dela com alegria. Não penso muito no tempo
que ela teria hoje, mas nela ainda criança. Ninguém sabe a dor de
perder um filho. Só quem perdeu”, argumenta ela, que tomou as dores de
Brita Brasil, na morte do filho Ryan: “Vi aquele menino nascer. Estou,
sim, na campanha contra a Ayuasca”.
Tássia
não teme de se expor. de falar o que pensa. Militante de esquerda,
chamou atenção há quase dois meses a gravar um vídeo e pedir doações de
alimentos para a presidente afastada, Dilma Rousseff. “As pessoas não
entenderam que aquilo era uma ironia! Claro que a Dilma não passa fome.
Mas por que políticos comprovadamente corruptos não perdem seus
direitos? As pessoas precisam questionar as coisas”, justifica ela, que
acabou de divertindo com o episódio: “Me mandaram miojo”.
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