Petrobras: Auditoria questiona gastos com ingressos de camarotes no Carnaval
Foto: Max Haack / Agecom
Além dos gastos com o Tripodão, da cantora Viviane Tripodi, filha de
um ex-funcionário da companhia, uma auditoria interna da Petrobras
revelou que a companhia utilizou R$ 1,15 milhão com ingressos para
camarotes no Carnaval de Salvador entre 2011 e 2013. Segundo informações
do jornal O Globo, cinco empresas foram contratadas para conseguir os
ingressos para os camarotes. Os auditores questionaram a distribuição
dos ingressos, já que a justificativa para os gastos foi uma “ação de
relacionamento com o público de interesse da Petrobras”. Entre os
beneficiados com os ingressos está o filho do ex-presidente da Petrobras
José Sérgio Gabrielli, Gabriel Mendes, que recebeu 52 ingressos entre
2011 e 2013. “Meu filho participou do carnaval, mas não acredito que
tenham sido tantos ingressos. Provavelmente estão sendo computados
vários dias e várias pessoas”, disse Gabrielli a O Globo. Outros
políticos baianos foram beneficiados: O deputado estadual Rosemberg
Pinto (PT) foi quem mais recebeu ingressos: foram 118 ingressos nos anos
de 2009, 2011 e 2013. Nestes mesmos anos, o atual secretário de Turismo
do estado, Nelson Pellegrino recebeu 40 entradas. A filha dele, Bianca,
recebeu quatro ingressos em 2013. Procurados por O Globo, Rosemberg e
Pellegrino não responderam. O deputado estadual Jânio Natal (PTN) teria
recebido 72 entradas somente em 2011 -- ele afirmou ter pedido as
cortesias, mas diz não se lembrar de quantas recebeu. “Se recebi, foram
para políticos e pessoas ligadas ao governo, até pessoas da própria
empresa. Se foram 20, 15, 50, 72, eu não me lembro”, afirmou. O chefe do
escritório de representação do governo da Bahia em Brasília, Jonas
Paulo, recebeu 42 ingressos em três anos. Ele nega, porém, ser essa a
quantidade. “Queria eu ter recebido”, disse. Assessor especial da
Presidência da República na gestão Dilma Rousseff, Anderson Dornelles
recebeu 36 ingressos para camarotes em 2013, o que totalizaria, segundo a
auditoria, um custo de R$ 15 mil. O Tripodão volta a aparecer nesta
apuração. O responsável pela contratação das empresas e distribuição das
entradas, Darcles Andrade de Oliveira, que é ex-gerente de Comunicação
da estatal para o Nordeste, ficou com 1.045 entradas em três anos.
Outras 1.267 foram distribuídas para outros funcionários da companhia,
sendo 254 destinadas para Armando Tripodi, o primo do dono do trio. A
investigação da auditoria foi realizada após O Globo publicar reportagem
em 2014, revelando que Darcles era dono de dois postos contratados por
prefeituras baianas e atuava, simultaneamente, pelo direcionamento de
verbas da estatal para elas. A partir daí, a petrolífera decidiu então
fazer um pente-fino na gestão de Darcles, que resultaram nos relatórios
atuais. Ao todo, 12 “não-conformidades” foram encontradas. A auditoria
questionou a interferência indevida na concessão de patrocínios,
pagamentos sem a comprovação de serviços, concentração de contratos para
um grupo restrito de empresas, entre outras irregularidades. Darcles
não foi localizado para comentar. Em nota, a Petrobras afirmou que
“suspendeu a compra de convites e outras formas de participação no
carnaval da Bahia, mantendo apenas apoio aos blocos afro” e que decidiu
centralizar em sua matriz “a exigência de contrapartida em ingressos em
seus patrocínios e todas as contratações da área de comunicação”. As
apurações estão previstas para serem concluídas em agosto. “A Petrobras
tomará todas as medidas legais para buscar o ressarcimento de danos,
além de encaminhar esse material aos órgãos de investigação competentes
para futuras ações na Justiça”, diz o comunicado.
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