Colégio em Manguinhos símbolo do PAC tem piscinas tomadas por sujeira e instalações depenadas
Inaugurada
com pompa em 2009, na presença dos então presidente Lula, ministra
Dilma Rousseff e governador Sérgio Cabral e prefeito Eduardo Paes, a
Escola estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, agoniza.
Símbolo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a piscina da
unidade na qual o menino Christiano Tavares mergulhou — em contraste com
o vazamento da Cedae em que foi flagrado um ano antes —, está tomada
por sujeira. Tem até cadeira e escada boiando.
O menino, apelidado de Lulinha, morreu em 2015, aos 15 anos, com sinais de intoxicação. Um
ano após sua morte, a escola sofre com o abandono e a ação de ladrões.
Entre a Semana Santa e o último domingo, a unidade foi depenada, e 27
janelões de vidro e alumínio foram furtados.
Nesse
período, o estado não providenciou conserto nem vigilância para a
unidade, que tem 1.037 alunos. Há buracos pelas paredes da escola.
Vândalos invadiram o parque poliesportivo do colégio e destruíram quatro
vestiários. Foram furtados chuveiros, pias e lâmpadas. Vasos sanitários
estão quebrados e uma sala ao lado da quadra teve piso de borracha e
teto incendiados. Parte do material quebrado está largada à beira das
duas piscinas.
No mesmo período, portas foram arrombadas e
computadores foram levados da sala de informática. Até a cozinha foi
alvo de ataque. Após quebrar uma janela, ladrões levaram a tampa de uma
panela de pressão industrial. Alunos da escola, que foi ocupada por
estudantes de abril a junho, criticam a situação e dizem que os estragos
não foram feitos durante o período ocupado.
—
É deprimente estudar num lugar assim. Minha sala está sem janela e não
temos sequer como nos proteger do frio. Está assim desde a Semana Santa,
bem antes da ocupação — disse Gabriel Oliveira, de 20 anos, um dos
alunos da Educação e Jovens e Adultos.
Segundo funcionários e
moradores, os invasores escalariam, à noite, uma grade na frente do
colégio, que fica a menos de um quilômetro de distância da Cidade da
Polícia.
Campanha na internet
Para
protestar contra a situação, funcionários, alunos e moradores lançaram
na internet o movimento SOS Luiz Carlos da Vila. No YouTube, postaram
vídeo com imagens de salas e vestiários destruídos.
— É uma campanha para denunciar. Queremos preservar a escola — diz Fábio Falcão, agente comunitário de Manguinhos.
Frases como “não aguento tanto abandono” e “cada pedaço arrancado de mim faz falta” estão na filmagem .
— Queremos uma ajuda. Algum tipo de vigilância que iniba esta incidência de saques — disse um funcionário.
Em
nota, a Secretaria estadual de Educação informou que alguns reparos na
infraestrutura do colégio começaram a ser feitos. “Inclusive, a verba de
R$ 15 mil para obras emergenciais nas escolas que foram ocupadas foi
liberada e, em breve, será empregada no colégio”. O caso foi registrado
na delegacia local e está sendo investigado, acrescentou.
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