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‘Liberdade’ mostra que problemas da sociedade da época passada persistem em 2016

André sofrerá por amar Tolentino
André sofrerá por amar Tolentino Foto: Artur Meninea/Rede Globo/Divulgação
Bruno Dias Barbosa

Pouco mais de duzentos anos separam o Brasil colônia retratado em “Liberdade, liberdade” do país que conhecemos hoje. Conquistamos a independência, vimos o fim da escravidão, o acesso das mulheres ao voto... Avanços que não podem ser ignorados. Por outro lado, a sensação é de que, em alguns aspectos, continuamos parados no tempo. Dois homens se amando ainda é algo que choca a sociedade. Como naquela época, negros hoje sofrem preconceito. E no cenário político, a crise de valores atual tem cara de antigamente. A obra de Mario Teixeira deixa claro que é preciso evoluir, que a luta por igualdade é justa, e que a intolerância é um obstáculo para o desenvolvimento.
— Na trama, estamos falando de temas que aconteceram há 200 anos. E parece que as coisas continuam iguais. A novela serve para o público refletir sobre o que acontecia lá atrás e comparar com o hoje — valoriza Bruno Ferrari, que vive Xavier na história.
Mateus Solano, o vilão Rubião, é ainda mais enfático:
— Estamos falando de um Brasil doente, e a gente ainda vive num Brasil doente.
As semelhanças entre vida real e ficção são destacas pelo autor.
— “Liberdade” não é baseada na realidade, é produto de um sonho. Mas é claro que existem ressonâncias com a vida. É inevitável. E o horário permite falar tudo.
HOMOFOBIA
Na época em que a novela das 11 é retratada, a relação entre pessoas do mesmo sexo era considerada crime. Aqueles considerados culpados eram condenados à pena de morte. Nos dias de hoje, as manchetes de jornais mostram gays espancados e assassinados, frutos da intolerância e do ódio.“Era uma realidade truculenta. Apesar de tanto tempo, pessoas ainda morrem por isso”, lamenta o autor Mario Teixeira.

CRISE POLÍTICA

Já no início da história, Rubião (Mateus Solano) decide criar um novo imposto para conseguir recursos para a Coroa portuguesa. Com pouco dinheiro, mas com poder para mandar e desmandar em Vila Rica, o intendente decide que o povo é que vai pagar a conta. No Brasil atual e em plena crise econômica, políticos continuam utilizando o mesmo artifício, como pretende fazer o presidente em exercício, Michel Temer, para diminuir nosso déficit orçamentário. “O bacana da novela é você dar uma chacoalhada em quem está assistindo para o público refletir: ‘Já era assim lá atrás?’. E ainda é”, fala Mateus Solano sobre os temas.

RACISMO

Mario Teixeira mostra como os negros eram tratados há dois séculos. Escravizados, eles sofriam preconceito e não tinham voz na sociedade. Bertoleza, papel de Sheron Menezzes, retrata bem essa situação. Em 2016, 128 anos após a abolição da escravidão, ainda vemos o racimo ter espaço no dia a dia. Em dezembro passado, a própria Sheron sofreu ataques via redes sociais, problema enfrentado por outras personalidades negras.

DELAÇÃO PREMIADA

Com a operação Lava Jato marcando presença no noticiário diário, o termo delação premiada caiu na boca do povo. Políticos envolvidos em escândalos têm feito acordos para diminuir suas penas, e até responder em liberdade a processos, caso do senador Delcídio Amaral. Na ficção, Rubião (Mateus Solano) entregou Tiradentes (Thiago Lacerda) como idealizador da revolução e foi libertado. Ele, que também integrava o movimento, ainda virou intendente da Coroa portuguesa.
Joaquina é uma mulher que luta por igualdade
Joaquina é uma mulher que luta por igualdade Foto: TV Globo/Divulgação / Rede Globo/Divulgação

FEMINISMO

Em “Liberdade”, Joaquina/Rosa (Andreia Horta) rompe com os padrões impostos pela sociedade e se mostra à frente de seu tempo. Ela arregaça as mangas e vai à luta. A filha de Tiradentes, inclusive, decide lutar pela causa de seu pai. Nos dias de hoje, mulheres continuam lutando pela igualdade de direitos entre os sexos e os movimentos feministas ganham cada vez mais força.
Mulheres lutam por seus direitos

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