Ex-sócio de operador de Eduardo Cunha negocia delação na qual Geddel é citado
por Fábio Fabrini e Fabio Serapião | Estadão Conteúdo
Foto: Carol Prado | Bahia Notícias
Acusado de envolvimento em esquema de corrupção e desvio de recursos
na Caixa, o empresário Alexandre Margotto negocia um acordo de delação
premiada com investigadores da Procuradoria-Geral da República. Ele
informou a investigadores ter detalhes sobre tratativas de políticos e
autoridades que frequentavam o escritório em São Paulo que mantinha com o
corretor Lúcio Funaro, entre eles o atual ministro da Secretaria de
Governo, Geddel Vieira Lima, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica do
banco público. Preso no início do mês, na Operação Sépsis, uma das fases
da Lava Jato, Funaro é apontado como operador do deputado afastado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no esquema. Margotto é acusado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de receber parte das
propinas pagas por empresas a Cunha e Funaro, em troca da liberação,
pela Caixa, de investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS). Alvo de mandado de busca e apreensão na Sépsis, ele também foi
sócio do ex-vice-presidente de Fundos e Loterias do banco Fábio Cleto,
cujo acordo de colaboração baseou a denúncia oferecida pela PGR ao
Supremo Tribunal Federal. Conforme investigadores ouvidos pelo Estado,
as tratativas para a delação estão em fase inicial. Geddel confirma as
visitas ao escritório da dupla, mas não dá detalhes dos assuntos que
tratou com o corretor, a quem chama de "um conhecido". "Ia por cortesia.
Não foram tantas vezes", afirmou o ministro, que foi vice da Caixa de
março de 2011 a dezembro de 2013. Antes, foi ministro da Integração
Nacional no governo Lula, de 2007 a 2010. Além das visitas ao escritório
em São Paulo, Geddel afirma que se encontrou com Funaro na capital
federal. Os encontros, afirma, eram "circunstanciais". "Eu o conheci em
Brasília. Ele estava sempre em Brasília", disse o ministro. Geddel
afirma não se recordar com exatidão do que tratava no escritório de
Funaro, tampouco das datas e do número de vezes em que esteve no local.
Afirmou também que o corretor nunca lhe fez pedidos relativos ao banco
público. "(Queria) saber de mercado, como é que estava: como vai, tudo
bem?. Nem me recordo se era vice-presidente da Caixa". Conforme a
Procuradoria-Geral da República, Margotto ficava com 4% das propinas
pagas no esquema de corrupção na Caixa. A denúncia oferecida ao Supremo,
que tramita em sigilo, atribui a ele 15 atos de corrupção passiva e 318
de lavagem de dinheiro. Numa eventual colaboração, ele diz que pretende
implicar Funaro em outros esquemas. O Estado não localizou o empresário
ou seus representantes. A defesa de Funaro sustenta que provará a
inocência de seu cliente e alega que Margotto tentou extorqui-lo. Num
áudio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-parceiro do corretor
pede dinheiro para não fazer denúncias contra ele, incluindo um suposto
pagamento de suborno a um juiz.
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