Cunha diz que Dilma mentiu à nação e que 'barganha' partiu do governo
BRASÍLIA
(Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira que a presidente Dilma Rousseff
mentiu à nação ao dizer que não aceitaria barganha para tentar evitar
deflagração de um processo de impeachment contra ela, e que houve uma
proposta de acordo por parte do governo.
Segundo Cunha, o deputado
André Moura (PSC-SE) participou de reunião com Dilma na quarta-feira de
manhã em que o governo quis vincular apoio de deputados do PT a Cunha
em processo no Conselho de Ética da Câmara à aprovação da CPMF no
Congresso.
"Quero
deixar bem claro que ontem (quarta-feira) a presidente mentiu à nação
quando fez o seu pronunciamento. Ela mentiu quando disse que seu
governo, e ela, não autorizavam qualquer barganha", afirmou Cunha em
entrevista coletiva na Câmara.
"A barganha veio sim proposta pelo governo, e eu me recusei a aceitar", declarou.
O
presidente da Câmara acatou na quarta-feira pedido de abertura de
processo de impeachment contra Dilma elaborado pelos juristas Hélio
Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, com apoio da oposição.
Em
resposta, a presidente manifestou "indignação" em declaração à imprensa
e disse que jamais aceitaria qualquer tipo de barganha, em referência a
relatos de que Cunha estaria negociando o voto favorável de três
deputados do PT no Conselho de Ética em troca de segurar o pedido de
impedimento.
A decisão de Cunha foi anunciada no dia em que os
representantes do PT no Conselho de Ética anunciaram que votarão pela
continuidade do processo que pede a cassação do mandato do presidente da
Casa, que é acusado de mentir à CPI da Petrobras por afirmar que não
tinha conta bancária no exterior.
Cunha afirmou ainda, nesta
quinta-feira, que chamará uma reunião extraordinária para dia 7, às 18h,
para formação da comissão especial que vai analisar a denúncia contra
Dilma e receber a defesa da presidente. Essa comissão terá 66 deputados
titulares e mesmo número de suplentes, todos indicados pelos líderes
partidários.
O Palácio do Planalto não quis comentar as declarações de Cunha desta quinta-feira.
Nesta
quinta-feira, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que encaminhará ao
Supremo Tribunal Federal (STF) mandado de segurança para anular a
decisão de Cunha de aceitar o processo de impeachment.
Segundo o
deputado, o mandado alegará que Cunha estaria abusando de seus poderes
de presidente da Câmara, “em desvio de finalidade”.
“Um ato
público, praticado por uma autoridade, tem de ter finalidade pública. No
caso do ato do presidente da Câmara, a finalidade foi privada. Ele
praticou esse ato em retaliação a um posicionamento que o PT vai adotar
no Conselho de Ética”, disse o deputado a jornalistas.
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